Devorar você

Na fascinação de um momento
Como em uma mágica dança lúdica
Vou de sutil maneira devorar você,
Atender do nosso ser a pura súplica.
Minha boca um cálice será
Nele sorverás o meu beijo molhado,
No calor dos meus lábios somente delírio,
Neste ato que pelo amor foi talhado.
Mão tremula despe o corpo,
Deixa rastros de fogo na pele nua,
O desejo aflora nos poros... chora em gotas
Minha alma anseia por ser tua.
Toques que arrancam roucos sussurros,
Carícias que tonteiam os sentidos,
Corpos frenéticos se entrelaçam um no outro,
Buscam saciar todos os desejos contidos.
Olhos nos olhos... pura fantasia,
Pupilas se dilatam nessa ínfima sintonia,
As batidas do coração são trovões dentro do peito,
A respiração ofega... deixa de ser mansa.
Quando enfim corpos se unem... Devoro-te
Jorrará o prazer em quentes vertentes,
A lucidez nos abandonará... escravos da sedução,
Somente se ouvirão, do gozo, os gemidos latentes.
No desalinho do amor feito,
A languidez será o refúgio da paixão,
Adormecidos em efêmero sono... lindos sonhos
Seremos rimas...poesia de suprema devoção!

Maria Lucilia Cardoso