quinta-feira, 23 de agosto de 2012

BRISA QUE PASSA



Serena, roça meu rosto e se afasta.
Acompanho seu traçado e percebo:
Leva de mansinho as folhas que caem,
Do outono que se foi e o inverno chegou,
Deixando as árvores tiritando de frio.

Num redemoinho brinca como criança,
E revolve as relvas quase suplicantes,
Por chuvas que não caem para molhar a terra,
Sabendo que as flores estão em silêncio,
Temerosas por não espalharem seus perfumes.

Observei a brisa subindo em torvelinhos,
Imperceptíveis dentro de um céu muito azul,
Mas ao tocar os pássaros em revoadas,
Notei sua angústia procurando nuvens esparsas,
Que poderiam mitigar a sede da terra ressequida.

Brisa que passa e leva também as saudades.
Ativou minha mente e recordações surgiram,
De tempos que amei no alvorecer do dia,
E na noite serena contemplava a lua,
Com a brisa trazendo o perfume das flores.

Quando a lua surgia esplendorosa iluminando o céu,
As estrelas piscavam como se quisessem brincar,
E num aconchego que tanto me cativava,
Ficava sereno num olhar contemplativo,
Enquanto a brisa suave nossos rostos tocava.


Jairo Valio

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