Doce, meus amores
São mares, meu peito
O algoz bem perfeito;
Que me beije as flores.
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Da cor ao meu ninho;
Tem toda a pureza,
Do alvor à beleza
A ave do carinho;
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Bem vi o teu colo;
Se enchia do orvalho
Que o cheiro do talho,
O orgulho do solo.
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Que me beije a língua;
O amor! À paz louca:
Que o fulgor da boca!
O alvor da cor nua;
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Nos olhos me vistes;
Amo-te, ó meu seio!
Que o peito já leio
Que a dor já sentistes!
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Se estavas a amar-me;
Pois não chora a mim
O amor do carmim.
Se estavas a olhar-me.
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Amo-te o bom rosto;
Um doce perfume,
Sem dor do ciúme...
Que vens o meu posto.
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Que a dor já sentiu;
À morte, ó meu Deus!
Que os amores meus!
Que o céu já pediu.
Doce, se és um fado
Um jovem amado.
Lucas Munhoz