sábado, 3 de maio de 2008

De onde te vejo


Sonhos relembram o que precisamos viver
Mas eu recordo de sonhos mal vividos.
E tu, guardas memória de tudo?
Mesmo do início,
Quando insistias em esquecer
O que de mais poderia ter sido?
Já eras bela, então.
De onde te via o azul era mais chegado,
A paz, mais contemporânea
E a lua
(Tal qual a borda superior de um copo cheio de leite
Que transborda o céu de estrelas)
Julgava embelezar as noites de tua ausência.
Vivo angustiado a esperar o inevitável,
Que não se consuma
Mas reafirma-se na memória de um rosto inolvidável.
Já eras bela, então?
Ou sou alvo fácil do passar do tempo,
De um ardil ferino da imaginação?
Sim, sou o guarda da torre
E dela observo o que me aniquila.
Nada poderia ser mais insone
Que meus olhos nos teus ao raiar de outro dia.
Aguardo o definhar de uma dúvida
Que te pertence
E me incita a provar do antídoto
Deste amor gélido-ardente
Com o qual te embriagaste comigo
Numa farra sem precedentes.

A. Ramôa

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