sábado, 24 de outubro de 2009

ENTREGA


Descanse
Teus pés salgados de mar
E parcos de caminhos
No facho de fogo sagrado que juntos emitimos
Na solução do horizonte.

A tua boca ofegante
Deite-a na minha, seca de beijos
E amortecida pela aguardente
Que destilaste de teu perfume intenso.

Na relva úmida
Esfregue teu corpo nu como se não houvesse lua
E adormeça tua alma virgem
No meu corpo nu, como se não houvesse noite.

Dos meus encantos
Fique como os que te preencherem os vácuos,
Com os que te inundarem de promessas
E deixe comigo apenas as mágoas.

Tome os meus lábios em goles graúdos
E esmague-os como se fossem uvas pretas
Extraindo deles o beijo tinto,
Até me ver, por ele, embriagado e sem rumo.

Faça de todas as tuas palavras impossíveis
As minhas palavras prováveis
Ditas por te amar como poucos:
- Despudoradamente e fora de prazo;

E aquelas que escreverei, em segredo,
Só pra ti, ao pé de tua boca e no lenço que a cobre,
Quando estivermos revirando
Nossas montanhas e deformando seus vértices.

Oswaldo Antônio Begiato
Milene Sarquissiano

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