segunda-feira, 28 de junho de 2010

Encenação...


O silencio grita em minha alma
Então as lembranças me assaltam
Ruidoso bando de pássaros loucos
Vozes que se modulam em tons
Discutem, argumentam, justificam-se
Sacando da memória perdas e mágoas
Atirando-os a fogueira da insanidade
Que insiste em reprisá-los dias a fio
Sádica mistura de prazer e dor

No palco do teatro de minha vida
Insisto em protagonizar um drama
Buscando eco nas almas que assistem
Faço caras e bocas, verto lágrimas
Gesticulo no vazio do tablado
Para uma platéia que me olha
Mas só enxergam a si próprios
Ao final do ato eles aplaudem
Não a mim, mas a eles mesmos

Encolho-me por trás da cortina
Dirijo-me a um camarim
Marcado com uma estrela negra
Na coxia meu palhaço espera
Anseia pelo dia que o deixarei
Subir ao palco para roubar sorrisos
Ao invés de lágrimas

(Alexandre Costa)

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