sexta-feira, 19 de junho de 2009

É O TEMPO


Ouço passar o tempo por teu cabelo,
como seguimos com o pensamento
um dia antigo ou uma melodia.
Especialmente pela primavera.

Ouço correr o tempo no meu sangue,
quando teu nome me perfuma o rosto
como um jasmim contínuo. Quando sinto
a mordida vermelha do verão.

Ouço passar o tempo pelos álamos,
especialmente quando é o outono,
e ando pela ribeira daquele rio
que sabe, amor, o teu nome e sobrenome.

Ouço passar o tempo entre os sonhos,
especialmente quando é o inverno
e o piano, amor, ouve cair a chuva,
cair a tarde, uma pétala, o esquecimento.

Eduardo Carranza
In: Antologia Poética

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