sábado, 4 de abril de 2009

Doce Abismo.


Seu corpo pequeno,
delicado, deitado,
respiração cadenciada,
no êxtase, saciada;
uma gota do seu suor
brinca comigo
e indecisa
rola
preguiçosa
ao redor do umbigo.

Lábios manchados,
onde baila tranqüilo
um sorriso.
olhos claros que escondem
em cerrados cílios,
o brilho;
cheiro de amor,
gosto de vinho e batom
na boca;
e indecisa rola
devagarzinho
a brilhante gota.

Vulto embaçado,
no suado espelho
cabelos soltos
roupas no chão
e taças tombadas;
transborda a banheira,
já de água fria
cama amassada;
e a gota indecisa
traça seu caminho,
despreocupada.

Parece que sabe
o que eu já sei,
o que eu conheço.
o que é o amor
e o quão alto,
em dor,
eu paguei o preço.
E por isso vai,
caminho indeciso,
parece comigo
que indeciso te contemplo
nua, dormindo;
novo e doce abismo!

João Braga Neto

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