quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Deitado...


Deitado a dormir entre os afagos da noite
Vi o meu amor debruçar se sobre o meu leito,
Pálida como a mais escura folha do lírio ou corola
De pele macia e escura,
o pescoço nu para ser mordido,
*
Transparente de mais para corar,
tão quente para ser branca,
Apenas de uma cor perfeita sem branco nem vermelho.
E os lábios abriram se lhe amorosamente e disseram
Nem sei bem o quê, excepto uma palavra Deleite.
*
E a face dela era toda mel na minha boca,
E o corpo dela todo pasto a meus olhos;
Os braços longos e lentos,
as mãos quentes de fogo,
*
As ancas frementes,
o cabelo a cheirar a Sul,
os pés leves luzentes,
as coxas esplêndidas e dóceis
E as pálpebras fulgentes
com o desejo da minha alma.


**Charles Swinburne
Londres, 1837

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