quarta-feira, 24 de julho de 2013

Amar dentro do peito uma donzela


Amar dentro do peito uma donzela; 
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura; 
Falar-lhe, conseguindo alta ventura, 
Depois da meia-noite na janela: 
Fazê-la vir abaixo, e com cautela 
Sentir abrir a porta, que murmura; 
Entrar pé ante pé, e com ternura 
Apertá-la nos braços casta e bela: 
Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos, 
E a boca, com prazer o mais jucundo, 
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos: 
Vê-la rendida enfim a amor fecundo; 
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos; 
É este o maior gosto que há no mundo. 


Bocage, Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas


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