Quem morre de tempo certo
ao cabo de um certo tempo
é a rosa do deserto
que tem raízes no vento.
Qual a medida de um verso
que fale do meu amor?
Não me chega o universo
porque o meu verso é maior.
Morrer de amor é assim
como uma causa perdida.
Eu sei, e falo por mim,
vou morrer cheio de vida.
Digo-te adeus, vou-me embora,
que os versos que eu te escrever
nunca os lerás, sei agora
que nunca aprendeste a ler.
Neste dia que se enquadra
no tempo que vai passar,
termino mais esta quadra
feita ao gosto popular.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
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