quinta-feira, 30 de maio de 2013

Água na boca


Assim a boca  que dá água na boca
Que água  a boca aguada em amar
Sonhando beijos em pleno altar
Altar ladrilhado de sonhos

Jateado em alquimia das flores
Margeado em amor cristal
Que salga a boca mas é doce o sal
Um sabor gostoso do irreal

Misterioso em agridoce
Como vinho suave e seco
Suavemente saboroso faz desejar
Secamente real faz despertar

E querer beijar ainda mais
Sedenta é a boca que pede água
Os lábios carnudos parecem convite
Abre o apetite da própria fome

Beber o beijo que o desejo consome
Alimentar a boca e matar a fome
Torturar mais sem pronunciar o nome
Ir mais além e saquear a sede

Roubar em beijos de licor
Beijar a boca com pele em flor
Tocar com a língua e sequilhar de amor
Derreter como um fino alfajor

Atrair ainda mais o beijo e sabor
Arfar em suspiros ao provar o licor
Beijar a boca e arder de amor
Saciar os lábios e beber o mel

Silenciar a voz e tocar o céu
Assim é a boca que dá água na boca...


Sonia Goncalves

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