quarta-feira, 28 de maio de 2014

SORTE E AMOR



Quando passas a levar teu corpo
a passeio e todo leve e feliz saltita
diante destes meus vorazes olhos,
o amor, boquiaberto, em mim grita:

Vá, homem, conquiste-a à força de versos,
não te deixe sob o domínio do impasse,
que tem ti cresça a coragem dos imersos
sentimentos, deixe que o amor te arraste
ao mais próximo cais que ela to oferece;
nenhuma légua andará se fores lerdo...

Eu, que ouço o amor cá dentro rugir,
que sinto ser uma montanha a tremer,
a ela, santa, virgem, profana, doce elixir,
o que tenho de tão nobre a oferecer?

Se nem ouro vale neste precioso momento,
o que poderá ser de tal monta que ela não diga não
a um homem que amarrado ao pensamento o vento
traz, a não ser dar-lhe, bruto, este amante coração?

Se sorte é preciso ao jardineiro no colher da flor,
que sorte devo ter, carpinteiro de jardineiras,
se não dar-lhe o ramo altivo do meu amor?



Preto Moreno


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