sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Essa


Essa, que hoje se entrega aos meus braços escrava
olhos tontos do amor de que aos poucos me farto,
ontem...era a mulher ideal que eu procurava
que enchia a minha insônia a rondar o meu quarto...

Essa, que ao meu redor parado e indiferente
há pouco se despiu-divinamente nua-
já me ouviu murmurar em êxtase, fremente:
-Sou teu!...E já me disse. a delirar:-Sou tua!

Essa, que encheu meus sonhos, meus receios vãos,
num tempo em que eram vãos meus sonhos, meus receios,
Já transbordou de vida a ânsia das minhas mãos
com a beleza estonteante e morna dos seus seios!

Essa, que se vestiu...que saiu dos meus braços
e se foi..._para vir, quem sabe?uma outra vez.
-segui-a... e eu era a sombra dos seus próprios passos...
-amei-a... e eu era um louco quando a amei talvez..

Hoje, seu corpo é um livro aberto aos meus sentidos
já não guarda as surpresas de antes para mim...
(Não importa se há livros muita vez relidos
importa...é que afinal, todos eles têm fim...)

Essa, a quem julguei ter tanta afeição sincera
e hoje não enche mais a minha solidão,
simboliza a mulher que sempre a gente espera...
mas que chega, e se vai...como todas se vão...

J.G. de Araújo Jorge

1 comentário:

Manhosa disse...

JG é o meu poeta do coração...

Ele sempre é direto ao coração...

Bjs.